O homem de 49 anos que passou 10 dias sem se alimentar na Unidade de Pronto Atendimento de Bayeux morreu na manhã desta quarta-feira (6), em João Pessoa, vítima de uma neoplasia aguda secundária, segundo familiares. Ele tinha uma infecção grave na garganta, precisava de uma sonda gastrointestinal e foi transferido para o Edson Ramalho na última quinta-feira (31). O enterro aconteceu na manhã da última quinta-feira (7).
O g1 entrou em contato com o Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho, para onde ele foi transferido depois da UPA, para entender melhor o quadro que levou à morte do paciente, mas a unidade disse que não poderia fornecer essa informação à imprensa.
Em contato com o g1, a Secretaria Municipal de Saúde João Pessoa informou que acompanhou a situação e fez o que era possível para que o paciente recebesse o atendimento especializado que precisava. Depois da transferência, ele ficou aos cuidados do Edson Ramalho.
O promotor de Saúde de Bayeux, Lúcio Mendes, que entrou com uma ação civil pública requerendo uma liminar para a transferência e alegando que o setor de regulação da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa vinha negligenciando o caso, afirma que o objetivo da ação era conseguir a vaga que estava sendo negada e como ele inicialmente foi transferido, a ação perdeu o objeto.
“Pretendo ver com a promotoria de João Pessoa esse problema no setor de regulação (…) Vamos procurar agir conjuntamente, para que isso não torne a se repetir. Te adianto que estive em conversas com doutora Janaína, do MPF, e ela já estava fazendo inspeção no setor. Inclusive, encaminhei cópia de minha ação para ela”, escreveu o promotor.
Ele afirma ainda que, caso se verifique nessas apurações a responsabilidade de órgão ou servidor, os citados serão certamente acionados.
Entenda o caso
Waldir Gomes da Silva passou dez dias tentando uma transferência da UPA de Bayeux para João Pessoa. O paciente deu entrada na UPA com uma infecção grave na garganta e, por causa disso, precisa receber uma sonda gastrointestinal para poder se alimentar, intervenção que só pode ser feito em um hospital e jamais numa UPA.
Em entrevista à TV Cabo Branco, Bianca Maria, filha de Waldir, afirmou que a UPA tentou várias vezes a transferência dele para um hospital de João Pessoa, mas sem sucesso. Ele ficou dez dias na base do soro, sem se alimentar.
O Ministério Público da Paraíba havia entrado com uma ação civil pública pedindo a transferência do paciente, o que acabou sendo acatado pela Prefeitura no dia seguinte.
Depois da mudança de unidade hospitalar, ele passou por uma bateria de exames.
Waldir foi transferido, na manhã da quinta-feira (31), para o Hospital Edson Ramalho. Após a transferência, ele já começou a se alimentar através de sonda. Porém, a situação dele piorou e ele acabou morrendo.