Fundação Terra anuncia nova presidência após padre Airton Freire virar réu por crimes sexuais

Sacerdote era o presidente da Fundação até junho de 2023, quando pediu afastamento. Pessoas nomeadas assumiram o cargo por determinação do próprio Padre Airton.

Foto: Divulgação

A Fundação Terra, com sede em Arcoverde, no Sertão pernambucano, comunicou nesta quarta-feira (23) que tem uma nova presidência. A decisão foi tomada depois que o padre Airton Freire, criador da Fundação, virou réu em dois inquéritos por estupro e outros crimes sexuais. De acordo com a nota emitida, as alterações foram determinadas pelo padre Airton Freire a partir de sua advogada particular.

O padre já estava afastado da presidência desde o mês de junho e a vice-presidente, Jéssica Mickaelly Pereira, assumiu a função interinamente. De acordo com o comunicado emitido pela Fundação Terra, desde 15 de agosto os trabalhos têm como presidente a médica Ana Flávia Bretas de Vasconcellos e, como vice-presidente, o empresário e engenheiro José Carneiro de Andrade Filho.

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A Fundação informou que a mudança foi necessária para manter os trabalhos sociais, que representam mais de 205 mil atendimentos anuais em saúde, educação e serviço social.

“As mudanças visam aprimorar a gestão e manter os trabalhos de assistência. Não houve alteração alguma na estrutura das equipes técnicas e profissionais que lidam no atendimento às populações carentes de Pernambuco e Ceara. Todos os setores e coordenações continuam trabalhando normalmente – e, mais importante, atendendo normalmente”, destaca trecho do comunicado.

Estado de saúde do padre Airton

No último domingo (20), o padre Airton Freire, foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após passar por uma cirurgia para trocar a válvula aórtica em 14 de agosto.

Preso preventivamente e réu em dois inquéritos sobre estupro e outros crimes sexuais contra fiéis, o religioso de 67 anos “teve uma grave intercorrência” e voltou para a UTI, de onde tinha saído em 16 de agosto. Ele recebeu um marca-passo provisório.

Desde 23 de julho, o padre está internado no Real Hospital Português, no bairro do Paissandu, na área central do Recife.

Relembre o caso

Em maio de 2023, a personal stylist Silvia Tavares veio a público denunciar ter sido estuprada pelo motorista Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos, a mando do Padre Airton, que, segundo ela, se masturbava vendo o abuso. O crime teria acontecido em 18 de agosto de 2022.

A igreja suspendeu Padre Airton das atividades religiosas. Padre Airton também pediu afastamento da presidência da Fundação Terra e disse que as acusações são falsas.
O motorista Jailson Leonardo da Silva se disse inocente, alvo de “denúncias fantasiosas”.

No mês de julho, o Padre Airton foi preso preventivamente em Arcoverde.

O Ministério Público, então, informou que havia cinco inquéritos abertos e que outras vítimas além de Silvia Tavares tinham sido identificadas.
Uma das vítimas é um ex-funcionário do padre, que afirmou ter sido dopado e acordado só de cueca numa cadeira. Ele também disse que os abusos eram frequentes.

Uma terceira pessoa que denunciou o padre foi uma mulher que diz ter sido vítima um ano e meio antes da violência relatada por Silvia Tavares. Ela afirmou que conseguiu escapar. ‘Toda vez que eu olho para um padre, vejo Padre Airton se masturbando’, disse.

Silvia Tavares disse que, depois da denúncia, começou a receber ameaças de morte de seguidores de Padre Airton.
Em 26 de julho, a Polícia Civil indiciou o padre e mais três pessoas e concluiu dois inquéritos sobre o caso.

No dia seguinte, uma das pessoas indiciadas, Landelino Rodrigues da Costa Filho, foi preso em Garanhuns, no Agreste. Landelino estava foragido. Ele era responsável pela filmagem e gravação das missas e dos eventos com o religioso.
Em 28 de julho, o Ministério Público informou que ofereceu denúncias à Justiça nos dois inquéritos concluídos sobre crimes sexuais.

No início de agosto, a Justiça aceitou as denúncias e, com isso, Padre Airton e os três funcionários viraram réus.
A defesa do padre disse que protocolou um pedido de investigação por fraude processual contra Sílvia Tavares, que, segundo os advogados, apagou mensagens e manipulou provas.

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