Israel envia delegação de inteligência ao Catar para negociar cessar-fogo em Gaza

Netanyahu autoriza missão para tratar da libertação de reféns em troca de trégua mediada por Catar, EUA e Egito.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. AP - Naama Grynbaum - Foto (Reprodução)

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. AP - Naama Grynbaum - Foto (Reprodução)

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, confirmou nesta quarta-feira (14) o envio de uma delegação para Doha, no Catar, com o objetivo de negociar um acordo que envolva a libertação de reféns em troca de um cessar-fogo na Faixa de Gaza. A equipe, que inclui o chefe do Mossad, David Barnea, o líder do Shin Bet, e um conselheiro especial de Netanyahu, estará presente nas discussões solicitadas por mediadores do Catar, dos Estados Unidos e do Egito, marcadas para a quinta-feira (15).

Essas negociações ocorrem em um momento crítico, com a Faixa de Gaza devastada por uma guerra que já ultrapassa dez meses, e sob intensos bombardeios do Exército israelense. A comunidade internacional tem pressionado por um cessar-fogo imediato entre Israel e o Hamas.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou na terça-feira sobre a necessidade urgente de uma trégua, que poderia evitar um ataque do Irã contra Israel, em resposta ao assassinato de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, em Teerã, no final de julho. Biden garantiu que não desistirá do objetivo, embora tenha reconhecido as dificuldades das negociações.

Amos Hochstein, enviado americano, afirmou em Beirute que “não há mais tempo a perder”, destacando que um cessar-fogo poderia também pôr fim à troca de disparos entre Israel e o Hezbollah, grupo islâmico libanês aliado do Hamas e do Irã.

As conversas, convocadas pelos mediadores internacionais, têm como base um plano anunciado por Biden em 31 de maio. A primeira fase desse plano propõe uma trégua de seis semanas, retirada das tropas israelenses das áreas mais povoadas de Gaza, e a troca de reféns capturados durante o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro, por prisioneiros palestinos detidos por Israel.

Uma fonte americana informou que o diretor da CIA, William Burns, também participará das negociações, junto com os chefes do Mossad e do Shin Bet. A participação do Hamas, no entanto, permanece incerta, embora um alto representante do grupo tenha declarado que as negociações com os mediadores continuam e se intensificaram.

Enquanto isso, o Exército israelense segue com a ofensiva em Gaza, com relatos de bombardeios nas cidades de Gaza, Beit Lahya, Deir al-Balah, Khan Yunis e Rafah. A Defesa Civil de Gaza relatou a remoção de corpos de uma família inteira dos escombros em Khan Yunis, e o bombardeio de Nousseirat deixou rastros de destruição e morte, incluindo crianças.

A guerra na Faixa de Gaza, cercada por Israel, desencadeou uma catástrofe humanitária, forçando o deslocamento de quase todos os 2,4 milhões de habitantes do território. Desde 1º de agosto, cerca de um terço das missões humanitárias foram impedidas pelas autoridades israelenses, segundo a ONU.

Ainda nesta semana, os Estados Unidos aprovaram a venda de mais de US$ 20 bilhões em armamentos para Israel.

Com informações do RFI

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