Incêndios em SP: Mais de 80% dos Focos Ocorrem em Áreas Agropecuárias

Estudo do Ipam revela que a maioria dos focos de calor na semana passada em São Paulo se concentraram em áreas usadas para agricultura e pecuária.

Incêndios assolam o Estado de São Paulo - Foto (Divulgação-Governo de São Paulo)

Incêndios assolam o Estado de São Paulo - Foto (Divulgação-Governo de São Paulo)

São Paulo — Um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), divulgado nesta terça-feira (27/8), revelou que mais de 80% dos focos de incêndio registrados na semana passada em São Paulo ocorreram em áreas destinadas à agropecuária. A análise foi conduzida entre os dias 22 e 24 de agosto.

Dos 2,6 mil focos identificados, 81,29% estavam localizados em regiões de cultivo de cana-de-açúcar e pastagens. O estudo também apontou que, no dia 23 de agosto, o estado de São Paulo registrou mais focos de calor do que toda a Amazônia.

A pesquisa utilizou imagens de satélites, combinadas com dados de cobertura e uso da terra fornecidos pela Rede MapBiomas e informações do satélite GOES, que permitiram a visualização da fumaça.

A diretora de ciência do Ipam, Ane Alencar, destacou a anormalidade do fenômeno: “Não é natural o surgimento de tantos focos de calor em um período tão curto, especialmente em uma região como São Paulo. É como se fosse um ‘Dia do Fogo’ adaptado à realidade do estado, evidenciado pela cortina de fumaça que apareceu simultaneamente a oeste.”

O termo “Dia do Fogo”, citado pela pesquisadora, refere-se a uma série de incêndios coordenados que ocorreram no Pará em 2019, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

O satélite geoestacionário, que captura novas imagens a cada 10 minutos, mostrou o surgimento da fumaça em um intervalo de apenas 90 minutos. O dispositivo que monitora os focos de calor registrou 25 pontos pela manhã e 1.886 no final da tarde.

Dos focos de incêndio, 44,45% (aproximadamente 1,2 mil) ocorreram em áreas de cultivo de cana-de-açúcar; 19,99% em áreas onde não foi possível distinguir entre pasto e/ou agricultura; 9,42% em pastagens; e 7,43% em regiões de silvicultura, soja, citrus, café e outras lavouras. A vegetação nativa queimada representou 16,77% dos focos entre os dias 22 e 24 de agosto, e as formações florestais concentraram 13,57% dos focos.

Wallace Silva, analista de pesquisa do Ipam, explicou que os dados indicam que os incêndios afetaram principalmente áreas já desmatadas. “Podemos concluir que, se o fogo atingiu uma área de vegetação nativa, isso aconteceu porque ele escapou da área onde foi iniciado”, afirmou.

Cinco municípios de São Paulo concentraram 13,31% dos focos de calor durante o período analisado. Pitangueiras registrou 3,36% dos focos; Altinópolis, 3,28%; Sertãozinho, 2,4%; Olímpia, 2,17%; e Cajuru, 2,1%.

Com informações do Metrópoles

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