• 28/10/2024
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Centrão domina grandes centros do Nordeste, enquanto esquerda mantém presença limitada

Centrão domina grandes centros do Nordeste, enquanto esquerda mantém presença limitada

Os partidos de centro consolidaram-se como a principal força política nas eleições municipais deste domingo (27) em grandes e médias cidades do Nordeste. O levantamento da Folha indica que o bloco político, frequentemente chamado de “Centrão”, ganhou força nos 50 municípios mais populosos da região, tradicional reduto da esquerda e fundamental para a vitória de Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.

Das 50 cidades mais expressivas, apenas oito serão lideradas pela esquerda, sendo quatro pelo PT e outras quatro pelo PSB.

O União Brasil lidera com folga, garantindo o controle de 14 municípios, incluindo três capitais: Salvador, Teresina e Natal. A sigla também assumirá prefeituras de cidades médias, como Feira de Santana (BA), Petrolina (PE), Campina Grande (PB) e Mossoró (RN).

“O recado das urnas foi claro: ponderação e diálogo prevaleceram. O centro venceu, enquanto os extremos perderam força. A esquerda quase desaparece no cenário nacional, mantendo apenas uma presença limitada no Nordeste”, declarou Antonio Rueda, presidente nacional do União Brasil. Ele reforçou ainda que, no campo da esquerda, prevaleceram candidatos que, em sua visão, representam moderação e qualificação, citando o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e o prefeito de Recife, João Campos (PSB), como exemplos de lideranças equilibradas.

Para o União Brasil, o resultado marca uma mudança de perfil, com o partido ampliando sua presença em cidades maiores, além de seu histórico domínio em municípios menores desde os tempos do antigo PFL. Na sequência, os partidos PP e PSD também se destacaram, conquistando seis prefeituras cada um. Nas capitais, o PP reelegeu Cícero Lucena em João Pessoa, enquanto o PSD garantiu mais um mandato para Eduardo Braide em São Luís.

Apesar de pertencerem a partidos de centro, os prefeitos eleitos pelo União Brasil, PP e PSD apresentam perfis e alinhamentos diversos. O União Brasil, que tem um perfil claramente oposicionista ao PT, viu 13 dos seus 14 prefeitos eleitos manterem posições contrárias aos petistas, com exceção de Roberto Pessoa em Maracanaú (CE), reeleito com apoio formal do PT e do governador Elmano de Freitas.

Já o PSD tem forte ligação com Lula, principalmente na Bahia, enquanto o PP, embora próximo do governo federal em alguns estados, também apoia líderes de oposição, como Cícero Lucena na Paraíba.

A esquerda, embora reduzida, assegurou o controle de oito prefeituras relevantes no Nordeste. No PSB, a vitória mais importante foi em Recife, além de garantir Garanhuns (PE), Timon e Paço do Lumiar (MA). Pelo PT, a vitória de Evandro Leitão em Fortaleza (CE) se destacou como a mais expressiva. O partido também obteve êxito em Camaçari (BA), Itapipoca e Crato (CE).

A vitória em Fortaleza, após oito anos sem eleger um prefeito em capital, foi significativa para o PT e reafirma sua força na região. Dois em cada três prefeitos eleitos pelo PT em 2024 são nordestinos, refletindo o domínio da sigla na Bahia, Ceará e Piauí, todos governados por petistas.

Contudo, a disputa acirrada entre Evandro Leitão (PT) e André Fernandes (PL) em Fortaleza, decidida por apenas 10 mil votos, acendeu um sinal de alerta para a ascensão da direita na região. A polarização nacional refletiu-se na capital cearense, com Leitão obtendo 50,4% dos votos válidos contra 49,6% de Fernandes. A disputa foi ainda marcada pelo apoio de Bolsonaro a Fernandes, que, aos 26 anos, é um dos expoentes do bolsonarismo radical.

Além disso, o ex-presidente Bolsonaro obteve avanços com o PL no Nordeste, conquistando quatro das maiores cidades da região. No segundo turno, a vereadora Emília Corrêa venceu em Aracaju (SE), derrotando Luiz Roberto (PDT). No primeiro turno, o PL já havia obtido vitórias em Maceió (AL), Jaboatão dos Guararapes (PE) e Porto Seguro (BA). Em Salvador e Natal, o partido de Bolsonaro também foi parte das chapas vencedoras com o União Brasil.

Com informações da Folha de São Paulo

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