- 23/12/2024
- Sem Comentário
- 71
- 4 Minutos de Leitura
Desabamento de Ponte Juscelino Kubitschek: DNIT havia identificado problemas estruturais há 5 anos
Um relatório técnico do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), elaborado em janeiro de 2020 e obtido por esta coluna, já alertava para “vibrações excessivas” na Ponte Juscelino Kubitschek, que desabou no último domingo (22/12), causando ao menos duas mortes e deixando 12 pessoas desaparecidas. A ponte fazia a ligação entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA).
O documento apontava problemas graves, como fissuras em todos os pilares, ferragens expostas e corroídas, além de danos no balanço lateral e irregularidades visíveis na geometria das lâminas, os pilares achatados que sustentavam a estrutura. Segundo o relatório, os danos já comprometeriam a integridade da ponte há anos.
“As condições atuais da OEA [Obra de Arte Especial] merecem atenção, pois verifica-se vibrações excessivas e desgaste visual de suas estruturas e do seu pavimento”, apontava o termo de referência, com base em inspeções realizadas em 2020.
Além disso, o relatório destacava que tais “manifestações patológicas e deficiências funcionais” eram compatíveis com a idade da construção e as intervenções realizadas ao longo das décadas, exigindo reabilitação urgente para prevenir colapsos.
Reabilitação adiada e licitação fracassada
Mesmo diante das evidências de degradação, a tentativa de corrigir as falhas foi frustrada. Em maio deste ano, o DNIT lançou um edital de R$ 13 milhões para contratar estudos preliminares e executar obras de reabilitação da ponte. No entanto, a licitação não atraiu empresas interessadas.
O edital fazia parte do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (Proarte), que buscava adaptar as pontes às normas modernas de segurança. A proposta visava aumentar a sobrevida da estrutura e melhorar as condições de trafegabilidade na rodovia BR-226/230, que conecta Maranhão e Tocantins.
Esclarecimentos do DNIT
Em nota oficial, o DNIT afirmou que, entre 2021 e 2023, a ponte esteve sob um contrato de manutenção no valor de R$ 3,5 milhões, no âmbito do Proarte. Durante o período, foram realizados reparos em vigas, lajes, passeios e pilares. Um novo contrato, vigente até 2026, também prevê obras na rodovia BR-226/230. Técnicos da autarquia já estão no local para investigar as causas do desabamento.
Recursos emergenciais para reconstrução
O Ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou que o governo federal destinará entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões para a reconstrução da ponte. Após visitar o local, acompanhado por governadores e o diretor do DNIT, Filho confirmou a decretação de estado de emergência para agilizar os trabalhos e estimou a entrega da nova estrutura para 2025.
O ministro também determinou a abertura de uma sindicância para apurar responsabilidades pelo desastre. “Temos todas as condições técnicas e recursos para garantir que a ponte seja entregue no prazo”, afirmou.