- 01/11/2024
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Dólar Atinge R$ 5,86 e Bate Maior Valor Desde 2020
O dólar encerrou esta sexta-feira em disparada no Brasil, alcançando R$ 5,8699, o maior valor de fechamento desde maio de 2020. Esse cenário de valorização da moeda norte-americana reflete o aumento na busca por proteção por parte de investidores, em meio a incertezas quanto à política fiscal do governo Lula e especulações sobre uma possível vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
A moeda norte-americana à vista avançou 1,53% no dia, registrando uma alta semanal acumulada de 2,86%. Na Bolsa de Valores (B3), o contrato futuro de dólar com vencimento mais próximo também subiu 1,35%, fechando a R$ 5,8870.
Impacto do Mercado de Trabalho dos EUA
O dólar iniciou o dia em queda, influenciado pela divulgação de um número inferior ao esperado de novas vagas de trabalho nos EUA em outubro, conforme o relatório payroll. Segundo o Departamento de Trabalho dos EUA, foram gerados apenas 12 mil postos de trabalho fora do setor agrícola, muito abaixo da expectativa de 113 mil vagas. Esse resultado foi atribuído à dificuldade das projeções devido a fatores temporários, como furacões e greves em fábricas.
Após o anúncio dos dados econômicos, às 9h55, a cotação do dólar chegou à mínima do dia de R$ 5,7629, mas o movimento de queda não se sustentou, e a moeda voltou a subir.
Tensões Eleitorais e Incerteza Fiscal
O receio quanto à possibilidade de vitória de Donald Trump, que disputa as eleições contra a democrata Kamala Harris, e a ausência de medidas concretas de ajuste fiscal no Brasil alimentaram a desconfiança do mercado, impulsionando o dólar a patamares recordes.
“Com a incerteza fiscal no Brasil e a busca por ativos seguros, o dólar continua forte, apesar do payroll fraco”, destacou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. “O governo prometeu diretrizes de corte de despesas para depois das eleições municipais, mas até agora nada foi anunciado, e o mercado fica impaciente.”
Expectativas para a Próxima Semana
O clima de insegurança foi agravado pelo anúncio de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará em viagem pela Europa na próxima semana, adiando qualquer expectativa de novas diretrizes fiscais no curto prazo. Segundo Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais, essa ausência intensifica as incertezas: “A ausência de soluções para a área fiscal e a viagem de Haddad geram um clima de desconfiança no mercado.”
A alta do dólar se intensificou no final da tarde, com investidores buscando proteger-se antes dos próximos eventos importantes, incluindo a eleição presidencial dos EUA na terça-feira, a reunião do Banco Central brasileiro na quarta-feira e a decisão sobre a taxa de juros do Federal Reserve dos EUA na quinta-feira.
Reação dos Juros e Possível Intervenção do Banco Central
A falta de medidas fiscais claras pressionou também a curva de juros brasileira, com alguns investidores mencionando a possibilidade de intervenção do Banco Central para conter a volatilidade do câmbio. Durante a manhã, o Banco Central realizou um leilão de swap cambial para rolagem de vencimentos, mas não chegou a interferir diretamente para segurar a cotação do dólar.
No cenário internacional, o dólar também teve alta generalizada, sustentada pelo “Trump trade”, termo que se refere à valorização de ativos com a perspectiva de vitória do candidato republicano. Às 17h36, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a seis principais divisas globais, registrava alta de 0,42%, a 104,320 pontos.
Com informações da Reuters