- 10/06/2022
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Editora é ameaçada após denunciar esquema de fake news bolsonarista
Após a publicação de uma reportagem que denuncia um esquema de produção de fake news com o objetivo de beneficiar o presidente Jair Bolsonaro (PL), no dia 4 de junho, o repórter Lucas Neiva, do site especializado em política Congresso em foco, foi ameaçado de morte. No domingo (5), logo após a veiculação da reportagem, a editora do site, Vanessa Lippelt, também recebeu ameaças de morte e de estupro.
A matéria do Congresso em Foco mostrava que usuários da plataforma imageboard, um fórum anônimo, estão dispostos a pagar com recursos próprios a criação de fake news a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições deste ano. Na publicação, ainda há a orientação para que o conteúdo seja viral.
A jornalista recebeu uma mensagem com xingamentos junto com a imagem de uma arma, que no texto, é identificada como o objeto que o autor usaria para matá-la. A mensagem foi encaminhada para o e-mail da redação do site.
Assim como nas ameaças recebidas pelo repórter, a editora levou a mensagem para o Departamento de Polícia Especializada, da Polícia Civil do Distrito Federal.
No texto, o autor afirma que teve acesso aos dados pessoais de Vanessa e de toda a família dela e faz ameaças de estupro para ela e “todas as crianças presentes”.
“Achei quatro falhas em criptografias militares, infinitamente dez vezes mais fortes que a do Pentágono. Eu já tenho seus dados e os dados de toda sua família. Viajarei até sua casa com a arma que estou enviando a foto em anexo, tenho 200 balas, assim fazer a festa no seu cafofo e provavelmente morrer em um belo confronto com a polícia depois de estuprar você e todas as crianças presentes”, afirma um trecho das ameaças.
A mensagem cita ainda o CPF e CEP da editora e tem um suposto nome e endereço do autor das ameaças, no entanto, o autor zomba do fato de compartilhar informações dele e diz que podem denunciá-lo. “Quando chegarem aqui, já estarei bem longe, a caminho da sua casa”.
O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, o Coletivo Mulheres Jornalistas do DF, e a comissão de mulheres do Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) prestaram apoio à jornalista e editora do site. Em nota, eles repudiam as ameaças e cobram a apuração do caso.
Confira a nota na íntegra:
O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, o Coletivo de Mulheres Jornalistas do DF, a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e sua Comissão de Mulheres manifestam total solidariedade à jornalista Vanessa Lippelt, editora do site Congresso em Foco. Ao mesmo tempo, repudiam as ameaças feitas à profissional, de teor extremamente violento, misógino e machista, e cobram imediata e rigorosa apuração. Exigimos ainda, das forças de Segurança e do veículo, a garantia de proteção e assistência necessárias.
Vanessa foi alvo de ameaças de morte e estupro na noite de domingo (5), após o site Congresso em Foco divulgar matéria que denunciou um esquema bolsonarista de fake news.
“Eu vou te matar, sua vagabunda. (…) Eu já tenho seus dados e os dados de toda sua família. Viajarei até sua casa com a arma que estou enviando a foto em anexo, tenho 200 balas, assim fazer a festa no seu cafofo e provavelmente morrer em um belo confronto com a polícia depois de estuprar você e todas as crianças presentes.”
O trecho acima faz parte da mensagem enviada à jornalista Vanessa, divulgado pelo Congresso em Foco, com a foto de uma arma que, segundo o autor, seria usada no assassinato da jornalista, foi encaminhado ao e-mail da redação do site.
Ainda de acordo com o CEF, a jornalista já apresentou denúncia à Polícia Civil.
Além da editora, o autor da matéria, Lucas Neiva, também foi ameaçado no sábado (4), após a matéria ser publicada. Os dois jornalistas também tiveram dados pessoais vazados.
A ameaça à jornalista é gravíssima pois se utiliza de um instrumento de terror muito utilizado em nossa sociedade patriarcal e machista, inclusive como arma de guerra, que é a violência sexual como forma de dominação e subjugação das mulheres.
Lembramos que em 2021, uma mulher jornalista foi agredida a cada três dias. Foram 119 ataques, sendo 38% dos casos classificados como violência de gênero, que segundo a pesquisa realizada pela Abraji com apoio da Unesco, incluem ataques à moral e a reputação das jornalistas, no qual o agressor utiliza da da sexualidade ou da identidade de gênero para atacar a vítima.
Nos solidarizamos novamente com Vanessa e colocamos o Sindicato dos Jornalistas do DF e o departamento jurídico à disposição, bem como nos comprometemos em amplificar a divulgação e rede de apoio e de cobrança por imediata apuração do caso.
Basta de violência contra jornalistas! Chega de violência de gênero contra mulheres jornalistas!
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal
Coletivo de Mulheres Jornalistas do DF
Federação Nacional de Jornalistas – Fenaj
Comissão de Mulheres da Fenaj
Correio Braziliense