- 27/05/2024
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Educação de São Vicente Férrer em Colapso
Uma escuta pública foi realizada no auditório da Escola de Referência Coronel João Francisco, com a presença de representantes do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPPE), Secretaria Municipal de Educação, Conselhos Municipais, poder legislativo, executivo, professores, pais, alunos, conselho tutelar e representantes da ASPROF. O encontro teve como objetivo discutir a situação atual da Educação Municipal.
Durante a reunião, a representante do MPF apresentou o projeto MPEduc, uma iniciativa nacional voltada para a melhoria da educação. Em Pernambuco, os municípios escolhidos para a implementação do projeto foram Machados e São Vicente Férrer, devido às suas diferenças significativas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Apesar de serem geograficamente próximos e possuírem características socioeconômicas semelhantes, Machados apresenta um Ideb acima da média nacional, enquanto São Vicente Férrer está abaixo dessa média. Isabela Bandeira, Promotora de Justiça do MPPE e Coordenadora do CAO Educação, explicou que o projeto permitirá entender as causas dessa disparidade, seja em termos de gestão ou de aplicação dos recursos.
Após a apresentação do projeto, os participantes levantaram várias questões críticas sobre a educação municipal. Entre os pontos discutidos estavam:
Qualidade e preparo da merenda escolar: Houve reclamações sobre a falta de frutas no cardápio atual, contrastando com a gestão anterior que fornecia regularmente itens como inhame, macaxeira, carnes variadas, bolo de banana, mandioca, frutas e verduras.
Fardamento para os alunos: Embora o fardamento tenha sido entregue em 2022, alguns gestores escolares têm solicitado que os alunos comprem blusas brancas, gerando preocupações sobre a acessibilidade para estudantes de famílias com dificuldades financeiras.
Kit escolar: Foi distribuído apenas uma vez em abril deste ano, o que, segundo os participantes, pode estar relacionado às eleições.
Transporte escolar: Estudantes relataram problemas com ônibus sucateados, superlotação e falta de organização no transporte dos professores, que frequentemente precisam esperar por transporte de saúde para voltar para casa.
Infraestrutura escolar: A única melhoria relatada foi a nova pintura das escolas. Banheiros sem portas, vasos sanitários quebrados e falta constante de água foram algumas das queixas mencionadas.
Mobiliário: As escolas estão com carteiras quebradas e não houve novas aquisições de cadeiras durante a gestão atual.
Laboratórios de Informática: Os laboratórios das escolas Manoel Borba, EMACa e Pio Guerra foram desativados e os computadores desapareceram.
Valorização profissional: Professores expressaram insatisfação com a falta de cumprimento da promessa de campanha do prefeito de valorizar os profissionais da educação, especialmente no que diz respeito ao reajuste do piso salarial.
A sessão foi marcada por desabafos emocionais dos professores, alguns deles chorando e manifestando medo de represálias. Uma mãe de alunos autistas relatou a falta de cuidadores qualificados para seu filho, mesmo com laudo médico.
O secretário de educação, Osias, tentou justificar a situação culpando a gestão anterior pelo não pagamento do piso salarial e pela queda nos índices educacionais. No entanto, ele foi interrompido pela representante do MPF ao abordar casos particulares. O professor Alan de Lima, ao tentar defender a gestão, foi chamado de mentiroso. Já o vereador Vicente Férrer teve dificuldade em defender a administração diante das numerosas irregularidades apontadas.
A representante do MPF encerrou a reunião anunciando que retornará em dois meses para verificar as melhorias implementadas, incluindo o reajuste salarial dos professores. A expectativa é que as questões levantadas sejam tratadas com a seriedade e urgência que merecem, visando melhorias concretas na educação municipal.