- 01/06/2025
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João Campos: Aposta do PSB na Renovação da Esquerda Brasileira

O Correio Braziliense, principal jornal de Brasília, destacou recentemente João Campos como uma das principais promessas da renovação política da esquerda brasileira. Na edição publicada no último domingo (1º), o prefeito do Recife e novo presidente nacional do PSB foi apontado como um nome crucial em meio à ascensão de uma nova geração no campo progressista. Em entrevista ao jornal, Campos defendeu a construção de uma frente ampla para as eleições de 2026, enfatizando a necessidade de atrair o centro político para evitar sua aproximação com a direita.
“Eu acho que o mundo ideal é que você tenha a maior frente possível na eleição de 2026 e que a esquerda tenha a capacidade de puxar o centro para o perto e não jogar o centro para a direita. É preciso alargar mais. Fazer uma frente realmente ampla em 2026”, declarou o jovem político.
Trajetória de João Campos no Contexto Político Nacional
Aos 31 anos, João Campos acumula uma trajetória marcante na política brasileira. Eleito prefeito do Recife em 2020 com expressivos 78% dos votos, liderando uma ampla coalizão, Campos agora assume a presidência nacional do PSB, cargo que já foi ocupado por seu bisavô, Miguel Arraes, e por seu pai, Eduardo Campos. Formado em engenharia civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele também cumpriu mandatos como deputado federal entre 2019 e 2020 antes de concorrer à prefeitura.
Sua ascensão representa uma tentativa de renovação geracional na política brasileira, especialmente quando comparada aos quadros tradicionais da esquerda. Embora o comando do PSB ainda conte com figuras experientes — como o vice-presidente Geraldo Alckmin, os governadores Carlos Brandão Junior (Maranhão), João Azevedo Filho (Paraíba) e Renato Casagrande (Espírito Santo), além dos ex-governadores Paulo Câmara (Pernambuco), Márcio França (São Paulo) e Rodrigo Rollemberg (Distrito Federal) —, Campos personifica uma nova safra de líderes políticos.
No cenário atual, nomes como Fernando Haddad (PT), de 62 anos, Gleisi Hoffmann (PT), de 59, e Flávio Dino (STF), de 57, compõem a velha guarda da esquerda. O mais jovem entre eles é Guilherme Boulos (Psol-SP), com 42 anos. No campo do centro e da direita, figuras como Eduardo Leite (PSD-RS), de 40 anos, Romeu Zema (Novo-MG), de 60, e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), de 49, mostram que há espaço para diferentes perfis etários.
Campos faz parte de uma geração emergente de políticos na faixa dos 30 anos, que inclui Camila Jara (PT-MS), Erika Hilton (Psol-SP), Tabata Amaral (PSB-SP), Pedro Campos (PSB-PE), Nikolas Ferreira (PL-MG) e André Fernandes (PL-CE), entre outros.
Histórico do PSB: Passado e Presente
Fundado em 6 de agosto de 1947 por intelectuais como João Mangabeira, Hermes Lima, Antônio Cândido e Sérgio Buarque de Holanda, o PSB nasceu como um braço da “Esquerda Democrática”. Seu objetivo inicial era garantir liberdades civis durante o Estado Novo, diferenciando-se tanto do Partido Comunista Brasileiro (PCB) quanto da União Democrática Nacional (UDN).
Após ser extinto pelo regime militar, o partido foi reorganizado após a anistia de 1979, mantendo seu vínculo com pensadores progressistas. Entre seus signatários estavam juristas como Evandro Lins e Silva e escritores como Rubem Braga. O linguista Antônio Houaiss foi o primeiro presidente do PSB moderno. Contudo, o partido só ganhou projeção nacional com a filiação de Miguel Arraes em 1990.
Arraes, avô de João Campos, tornou-se uma figura carismática no Nordeste ao liderar a chamada “Frente do Recife”, uma inovadora estratégia política que uniu diversos setores da esquerda. Essa experiência influenciaria a formação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) durante o regime militar. Após o exílio, Arraes permaneceu no PMDB até a redemocratização.
Já Eduardo Campos, pai de João, foi governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro da Ciência e Tecnologia e presidente do PSB. Candidato à presidência em 2014, sua morte trágica em um acidente aéreo interrompeu uma campanha que poderia ter alterado significativamente o panorama político brasileiro.
O Futuro de João Campos: Desafios e Possibilidades
João Campos surge como uma aposta do PSB para superar a polarização política vigente. Contudo, com apenas 31 anos, ele ainda não atende aos requisitos constitucionais para disputar a presidência da República. Resta saber se permanecerá como prefeito do Recife, buscará uma cadeira no Senado ou concorrerá ao governo de Pernambuco nas próximas eleições.
Ao falar sobre 2026, Campos ecoa o legado familiar ao defender a construção de uma frente ampla inspirada na histórica “Frente do Recife” liderada por seu bisavô. Para ele, o desafio está em atrair o centro político sem alienar as bases da esquerda.