- 19/12/2024
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Novo líder sírio defende fim das sanções e direitos para mulheres em entrevista à BBC
O recém-empossado líder sírio, Ahmed al-Sharaa, afirmou em uma entrevista à BBC, realizada em Damasco, que a Síria não representa ameaça ao Ocidente ou a seus vizinhos e pediu a suspensão das sanções internacionais contra o país. Ele destacou o impacto devastador da guerra e a necessidade de reconstrução nacional sob uma perspectiva diferente da do regime deposto de Bashar al-Assad.
“Depois de tudo o que aconteceu, as sanções devem ser suspensas. Elas eram dirigidas ao antigo regime. Tratar vítima e opressor da mesma forma é injusto”, argumentou.
Novo líder, novos rumos?
Sharaa, que liderou a ofensiva que resultou na queda de Assad há menos de duas semanas, é o principal nome do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), a maior força na aliança rebelde da região. Anteriormente conhecido pelo nome de guerra Abu Mohammed al-Jolani, ele agora busca redesenhar a imagem do HTS, classificado como organização terrorista por países como Estados Unidos, Reino Unido e membros da União Europeia.
O líder rebate essa classificação, alegando que o HTS nunca teve civis como alvos e que sua luta foi sempre direcionada contra os abusos do regime de Assad. “Não somos terroristas. Na verdade, somos vítimas de crimes que tentamos combater”, declarou.
Educação feminina e promessa de mudanças sociais
Na entrevista, Sharaa defendeu a continuidade do acesso à educação para mulheres e rejeitou a ideia de transformar a Síria em um novo Afeganistão. “A Síria tem tradições e uma mentalidade diferente das do Afeganistão. Nós mantemos universidades ativas em Idlib há mais de oito anos, e as mulheres representam mais de 60% dos estudantes”, afirmou.
No entanto, algumas questões polêmicas, como o consumo de álcool, permaneceram sem respostas concretas. Sharaa garantiu que um comitê de especialistas legais será responsável por elaborar uma nova constituição para o país, e “qualquer governante ou presidente terá que seguir essa lei”.
Vestindo roupas civis, o líder procurou transmitir uma imagem de tranquilidade e moderação, tentando romper com os estigmas ligados ao passado extremista do HTS. Ainda assim, muitos sírios continuam céticos sobre suas intenções e aguardam, com cautela, os próximos passos do novo governo.
Os meses à frente serão cruciais para definir se a Síria seguirá por um caminho de reconstrução e unidade ou perpetuará os traumas da guerra e do extremismo.