- 03/07/2022
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Os desafios para os palanques de Bolsonaro, Lula e Ciro nos estados
A pouco mais de 40 dias do início oficial da campanha eleitoral, que começa em 16 de agosto, Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT) se articulam para assegurar palanques nos estados e ampliar as bases de apoio em todo o Brasil.
Na mais recente pesquisa Datafolha, de 23 de junho, Lula lidera com 47%, seguido de Bolsonaro, com 28%, e de Ciro, com 8%.
A situação envolve desafios: em Minas Gerais, por exemplo, Bolsonaro não pode subir no palanque de Romeu Zema (Novo). Zema é líder, com 48%, contra 21% do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), na mais recente pesquisa Datafolha entre os candidatos ao governo do estado. Isso porque o Novo, partido de Zema, tem candidato próprio à Presidência da República: Luiz Felipe D’Ávila.
Só que D’Ávila não pontuou na última pesquisa presidencial do Datafolha, de junho, enquanto Bolsonaro é vice-líder, com 28%, atrás de Lula, com 47%. O candidato do partido de Bolsonaro, Carlos Viana, vai mal na pesquisa eleitoral: ele tem 4% no Datafolha ao governo de Minas.
Lula, por exemplo, tem palanque dividido em Pernambuco: Marília Arraes, que deixou o PT no início do ano e é candidata a governadora pelo Solidariedade, declarou apoio ao ex-presidente. Mas o candidato oficial de Lula ao governo do estado é o deputado federal Danilo Cabral, do PSB de Geraldo Alckmin, candidato a vice-presidente com Lula.
No Ceará, o PT de Lula e o PDT de Ciro Gomes comandam juntos o governo do estado numa aliança desde 2006. Só que a eleição presidencial ameaça ruir essa união: o PT defende que a governadora Izolda Cela, do PDT, seja candidata à reeleição –ela é casada com um político petista e ligada ao ex-governador petista Camilo Santana.
Mas, se oficializada a candidatura de Izolda, ela terá que declarar apoio a Ciro, porque são do mesmo partido –o que deixaria Lula sem palanque oficial no estado. A ala do PDT mais ligada a Ciro Gomes quer Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza, como candidato ao governo estadual. O PT local não descarta candidatura própria, o que encerraria a aliança de 16 anos com o PDT no estado.
Segundo Claudio Couto, cientista político da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, a eleição dividida entre Lula e Bolsonaro provoca um questionamento nos candidatos aos governos estaduais. Eles pensam duas vezes antes de declarar apoio explícito a um ou outro, diz o cientista, para não “se queimar com eleitor demarcando uma candidatura presidencial que pode tirar voto dele”.
E há os desafios regionais em regiões do país: “Ser apoiador de Lula no Centro-Oeste, por exemplo, é difícil nessa altura. Tem sido uma região com eleitor mais simpático ao Bolsonaro no geral. A mesma coisa com Bolsonaro no Nordeste, região mais apoiadora de Lula. A não ser que o político não tenha mesmo opção, tem gente que não tem como disfarçar quem defende no nacional”, diz Couto.
Alianças
A oficialização será apenas em agosto, mas o PL de Bolsonaro indica aliança com PP e Republicanos, siglas que integram a base do atual governo. Braga Netto (PL) é o favorito para a vice-presidência.
O PT de Lula já firmou acordo com o PSB (do vice Geraldo Alckmin), PCdoB, Partido Verde, PSOL, Rede e Solidariedade. Os partidos trabalham em conjunto para construir o plano de governo da chapa Lula/Alckmin.
O PDT é o único entre os três mais bem colocados na pesquisa Datafolha que estará sozinho. Ciro Gomes tentou o apoio da 3ª via, mas não deve ter outras siglas em seu palanque nacional. O quadro repete 2018, quando o PDT teve na chapa Ciro e Kátia Abreu (à época filiada ao PDT e hoje no PP).
g1