- 29/11/2024
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Pablo Marçal mira 2026 com ambições nacionais e enfrentará desafios políticos e judiciais
Pablo Marçal, o fenômeno eleitoral de 2024 em São Paulo, já traça planos ambiciosos para 2026. O coach, que arrebatou 1,7 milhão de votos na disputa municipal paulistana — 28% dos votos válidos —, desafiou o cenário político ao adotar uma narrativa baseada na teologia da prosperidade e no empreendedorismo, dialogando com eleitores de baixa e média renda. Sem tempo de TV e com forte presença digital, conseguiu incomodar tanto a direita, ao retirar votos de Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Jair Bolsonaro, quanto a esquerda, ao quase tirar Guilherme Boulos (PSOL) do segundo turno.
Agora, Marçal avalia sua próxima jogada: disputar o governo paulista ou até a Presidência em 2026, caso os entraves judiciais permitam. Para isso, busca uma base política mais sólida. Ele está em conversas avançadas para se filiar ao União Brasil, terceira maior bancada da Câmara dos Deputados. Contudo, a negociação envolve desafios, inclusive o desconforto dentro do partido, que já tem Ronaldo Caiado, governador de Goiás, como pré-candidato ao Planalto. Nos bastidores, aliados de Marçal apostam que sua popularidade poderá alterar os planos da sigla, enquanto apoiadores de Caiado o acusam de inflacionar seu valor no “mercado partidário”.
A adesão ao União Brasil traria vantagens estruturais, como acesso a tempo de TV e fundo eleitoral, ausentes no atual PRTB, partido nanico que limitou sua campanha. Porém, também exige que Marçal reconcilie seu discurso antissistema com a entrada em uma legenda herdeira das oligarquias políticas brasileiras. Enquanto isso, o PRTB, liderado por Leonardo Avalanche, tenta mantê-lo como figura central para atrair influenciadores e promover uma “revolução digital” no partido.
Paralelamente, Marçal mantém suas atividades como coach, realizando palestras, promovendo seu livro Como Trabalhar Menos e Ganhar Mais e articulando o lançamento de um curso inspirado em sua campanha. No entanto, seu futuro político também depende de pendências jurídicas. O coach enfrenta três processos: um por abuso de poder econômico, outro por suspeita de lavagem de dinheiro, e um terceiro envolvendo a divulgação de um laudo falso contra Boulos em 2022. Seu advogado considera remota a possibilidade de inelegibilidade, mas as decisões nos tribunais serão determinantes para seus planos.
Com uma mistura de ousadia, polêmica e apelo popular, Pablo Marçal desponta como uma figura que pode redesenhar o tabuleiro político nos próximos anos, desafiando as estruturas tradicionais e almejando voos mais altos.