- 26/01/2025
- Sem Comentário
- 3 Minutos de Leitura
Pai Ivo de Xambá Denuncia Intolerância Religiosa em Terreiro Patrimônio Vivo de Pernambuco
O babalorixá Ivo de Xambá registrou denúncia de intolerância religiosa contra um grupo de fiéis cristãos que teria ofendido frequentadores do Terreiro de Xambá, localizado em Olinda. O local, pertencente à Nação Xambá e reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco, foi alvo de xingamentos durante uma pregação realizada com o uso de carros de som. A Polícia Civil confirmou a abertura de um inquérito para investigar o caso como crime de racismo, preconceito e discriminação.
O episódio ocorreu no dia 19 de janeiro, por volta das 14h30. Pai Ivo relatou que, ao ouvir o som alto vindo da rua, foi até a entrada do terreiro e encontrou cerca de 100 pessoas participando de uma pregação religiosa organizada com três carros de som. Ao dialogar com os líderes do grupo, pediu que a atividade fosse realizada em outro local, argumentando que eles também não gostariam de ver rituais do Candomblé, como o xirê — dança e canto característicos da religião — realizados diante de igrejas.
Apesar de os líderes aceitarem o pedido e orientarem o grupo a se retirar, alguns participantes reagiram com ofensas. Entre os xingamentos estavam referências pejorativas às práticas do terreiro, como menções a “galinhas” e insultos à figura de Pombagira, além de comparações com “Jezabel”.
Segundo registros bíblicos, Jezabel foi esposa do rei Acabe, de Israel, e é frequentemente associada ao sincretismo religioso e ao culto de divindades estrangeiras, como Baal, sendo uma figura controversa no cristianismo.
Um boletim de ocorrência foi registrado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Recife, apontando ainda que um dos pregadores afirmou ser necessário “extirpar o mal daquele lugar”. A Polícia Civil afirmou que o inquérito visa identificar os responsáveis pelas ofensas.
Pai Ivo reforçou a importância do respeito entre as religiões:
“Eu acredito que todas as religiões merecem respeito. Cada templo é um lugar para professar a sua fé, e não para invadir ou desrespeitar o espaço do outro.”