- 31/12/2024
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Policiais Militares são acusados de aliança com traficantes em esquema criminoso no Recife
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) apresentou uma denúncia que revela a ligação de cinco policiais militares com a organização criminosa comandada por Thiago e Bruno Teixeira de Oliveira, conhecidos como os “Gêmeos de Santo Amaro”. A quadrilha, que atua no Centro do Recife, também estaria envolvida em homicídios na região.
A investigação baseou-se na interceptação de cerca de 60 mensagens telefônicas, obtidas durante a segunda fase da Operação Blindados, deflagrada em novembro. Os policiais, agora com prisão preventiva decretada, negam envolvimento no esquema.
Diálogos comprometem agentes
Boa parte das mensagens transcritas aponta para o PM Rayner Thainan Ferreira Santos, de 31 anos, identificado como “Junior” nos celulares dos traficantes. Entre as conversas, destaca-se uma na qual Rayner pede maconha estragada para atingir metas de apreensão em seu batalhão:
“Meu mano, vê só, eu lembro que tu falou para mim que tem uns quilos mofado e pá. Eu queria que tu deixasse 1 kg para mim dessa… Desse preto aí, que tu tem mofado, velho, que não serve mais para nada. Que é para eu apresentar, tá ligado?”
Outra troca de mensagens sugere que Rayner orientava os traficantes sobre como agir em caso de abordagem policial, detalhando possíveis negociações para evitar prisões. Segundo o MPPE, essas orientações reforçam o vínculo entre os agentes e a quadrilha.
Em depoimento, Rayner negou participação no esquema, alegando que o celular usado nas conversas não era dele.
PMs no tráfico
O único policial acusado de envolvimento direto com o tráfico é Ivison Francisco Alves Júnior, de 42 anos. Segundo a promotoria, Ivison participava ativamente do esquema, planejando a venda de drogas em parceria com um dos traficantes. Em uma das mensagens interceptadas, ele teria respondido ao criminoso com entusiasmo sobre o lucro potencial:
“Então essa é a hora de ganhar dinheiro, né. Primão, sabendo ganhar, essa é a hora de ganhar dinheiro.”
Além de Ivison e Rayner, outros três PMs foram denunciados: Valter Mendonça de Azevedo, José Tarcísio de Carvalho Pereira e Arthur Luiz Sampaio. Este último teria atuado como parceiro de rua de Rayner e foi citado em diversas conversas.
Apoio à organização criminosa
De acordo com o MPPE, os policiais forneciam suporte logístico e operacional à quadrilha, incluindo proteção, informações privilegiadas e até o uso de viaturas para atividades ilícitas.
Além dos agentes, o Ministério Público apontou a existência de um “núcleo civil” na organização, composto por contadores, distribuidores e traficantes. Entre os civis denunciados estão Sales Vinicíus Barros de França Silva e Lázaro Henrique Barros de França, filhos de um dos líderes da facção.
A denúncia, assinada pela promotora Henriqueta de Belli Leite de Albuquerque, destaca que os policiais desempenhavam papel essencial na manutenção das atividades da organização criminosa, agravando ainda mais a situação de segurança pública na região.