- 04/11/2024
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Política internacional reflete polarização nacional: Lula apoia Kamala Harris, e Bolsonaro se alia a Trump
Na corrida eleitoral dos EUA, Lula e Bolsonaro assumem lados opostos, intensificando rivalidades no cenário político brasileiro. Enquanto o presidente brasileiro expressa apoio à vice-presidente americana Kamala Harris, Jair Bolsonaro grava vídeo em solidariedade ao ex-presidente Donald Trump, reproduzindo internamente o antagonismo ideológico entre os partidos Democrata e Republicano.
A disputa eleitoral norte-americana, entre o republicano Trump e a democrata Kamala, ganha ressonância no Brasil, onde aliados de Lula e Bolsonaro enxergam na eleição uma extensão de suas próprias batalhas políticas. Governistas e oposição utilizam o embate eleitoral dos EUA para reforçar narrativas alinhadas às suas agendas, com Lula destacando a candidatura democrata como um bastião da democracia, enquanto Bolsonaro exalta Trump como defensor da liberdade de expressão e dos valores tradicionais.
Em entrevista ao canal francês TF1, Lula declarou que “a vitória de Kamala representa a melhor escolha para o fortalecimento democrático nos EUA”. Já Bolsonaro, em vídeo publicado em suas redes sociais, manifestou apoio ao republicano, associando-o a pautas de “defesa de Israel”, “valores familiares” e “liberdade de expressão”.
No Brasil, essa divisão é ecoada por políticos dos dois espectros. Governistas como Lula classificam Trump como uma ameaça à democracia, enfatizando o temor de um novo governo do ex-presidente republicano. Em contrapartida, parlamentares bolsonaristas apoiam Trump, reafirmando afinidades conservadoras entre os dois líderes. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente e deputado federal, divulgou um vídeo em inglês dirigido ao público americano, onde acusa a administração Biden de fomentar a censura no Brasil, alegando que isso seria prejudicial também aos Estados Unidos.
Outros parlamentares conservadores brasileiros, como Osmar Terra, ex-ministro de Bolsonaro, replicam mensagens que enaltecem o apoio de figuras como Elon Musk a Trump e criticam a influência do bilionário George Soros sobre Kamala Harris. Soros é alvo frequente de críticas no campo conservador por seu apoio a causas progressistas ao redor do mundo.
O tom crítico também se reflete entre a base governista, ainda que sem um apoio explícito e formal a Kamala Harris. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, aproveitou uma visita de Trump a um McDonald’s para ironizar sua imagem, acusando-o de manipulação e de fazer “farsa” com seu público. Outros aliados de Lula, como Jandira Feghali e Maria do Rosário, reforçam a retórica de oposição a Trump, alertando para o risco de crescimento de ideais autoritários representados pelo ex-presidente dos EUA e traçando paralelos com Jair Bolsonaro.
Enquanto os EUA se preparam para a eleição nesta terça-feira, 5, a polarização brasileira parece se intensificar, projetando-se na política internacional e revelando o quanto o embate ideológico nacional continua vivo e marcado por uma disputa que ultrapassa fronteiras.
Com informações do Estadão