- 27/10/2024
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Eleições Municipais: Direita e Esquerda Usam Disputa Local Como Laboratório para 2026
Com o fim do segundo turno das eleições municipais neste domingo (27), as articulações políticas se voltam agora para os próximos passos que definirão o cenário nacional, especialmente com o novo comando do Congresso e a possibilidade de uma reforma ministerial. Para além do ciclo eleitoral, as movimentações de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) refletem o desejo de consolidar seus projetos e alianças visando 2026.
Este ano, o eleitorado reafirmou, em grande medida, a tendência de inclinação à direita, observada desde 2016, com destaque para candidatos apoiados por Bolsonaro. A participação do ex-presidente, mais intensa que a de Lula, deu resultados mais expressivos a seus apadrinhados, especialmente no primeiro turno.
Na esquerda, Lula concentrou esforços na campanha de Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, embora tenha evitado eventos presenciais na reta final, uma ausência associada tanto a seu recente acidente doméstico quanto ao pessimismo com uma eventual virada sobre o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Dos 13 municípios com candidatos do PT no segundo turno, Lula esteve presente em cidades com chances de vitória, como Fortaleza e Mauá, mas evitou locais como Porto Alegre, onde a derrota é dada como certa.
Reformas e Estratégias na Esplanada
Com a conclusão das eleições, Lula e líderes do PT sinalizam mudanças ministeriais. A reestruturação visa recompensar partidos leais na disputa municipal, e a expectativa é que ministros do PT sejam os primeiros a sofrer ajustes, em resposta a críticas internas e externas sobre o desempenho de suas pastas.
Hoje, o governo conta com o PSD, MDB e União Brasil com três ministérios cada. Partidos como PP e Republicanos, que ocupam uma pasta cada, incluem congressistas com perfil de oposição mais acentuado. Nos bastidores, o PSD e o MDB, que elegeram o maior número de prefeitos, são vistos como mais próximos do governo, com possibilidade de fortalecer um bloco governista junto ao PT.
O futuro comando do Congresso também está em jogo. No Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) é o atual presidente, e a Câmara é presidida por Arthur Lira (PP-AL). As projeções apontam Davi Alcolumbre (União Brasil) e Hugo Motta (Republicanos) como possíveis sucessores, o que mantém partidos na expectativa sobre a direção das negociações.
Divisões e Aspirações na Direita
A direita, por outro lado, enfrenta disputas internas que podem definir seu rumo em 2026. Bolsonaro, que ainda busca reverter sua inelegibilidade, foi figura constante nas campanhas do PL, percorrendo cidades como Goiânia, onde o partido está no segundo turno. Entretanto, o apoio hesitante de Bolsonaro ao atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e sua oposição interna ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) mostram fissuras no campo conservador.
Os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG) têm surgido como potenciais lideranças direitistas, com Tarcísio e Zema próximos de Bolsonaro, mas Caiado e Ratinho em clara disputa pelo protagonismo.
Tarcísio foi visto como leal ao se manter ao lado de Nunes em São Paulo, apesar de recomendações para se afastar, o que lhe rendeu reconhecimento como “um grande irmão e leal”, nas palavras de Nunes. Pessoas próximas consideram o movimento um passo de independência do governador paulista, que constrói seu próprio capital político.
Romeu Zema, por sua vez, também deu sinais de apoio a candidatos bolsonaristas, apesar de estar filiado ao Partido Novo, mas não conseguiu emplacar um nome no segundo turno em Belo Horizonte. Com essas movimentações, a direita delineia o que pode ser uma fragmentação de forças em 2026, com Bolsonaro, Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho disputando espaço para representar o campo conservador nas próximas eleições presidenciais.
Com informações da Folha de São Paulo