- 27/10/2024
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Nunes chega como favorito na disputa em SP; Boulos tenta reverter desvantagem histórica
A corrida para a Prefeitura de São Paulo chega ao ápice neste domingo (27), com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) sendo apontado como favorito para conquistar a reeleição. Ele disputa o segundo turno com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que busca um feito inédito: virar a disputa e vencer após começar atrás nas pesquisas. A jornada de 72 dias de campanha foi marcada por acusações, trocas de ofensas e episódios de agressão que ilustraram a intensidade da disputa na capital paulista.
De acordo com as pesquisas divulgadas no sábado (26), tanto pelo Datafolha quanto pela Quaest, Nunes mantém uma vantagem significativa. Na projeção mais apertada, ele lidera com 10 pontos de diferença (55% a 45%) sobre o candidato do PSOL. Caso vença, Nunes entrará para o seleto grupo de prefeitos reeleitos em São Paulo, ao lado de Gilberto Kassab (PSD) e Bruno Covas (PSDB), a quem sucedeu após a morte do tucano.
Disputa de perfis e estratégias
Para Boulos, que enfrentou Bruno Covas em 2020 e perdeu no segundo turno, a missão é reverter um cenário historicamente difícil. Desde 1992, nenhum candidato paulistano conseguiu virar a eleição partindo de uma desvantagem expressiva na fase final. A maior diferença já foi registrada no início do segundo turno: 22 pontos a favor de Nunes. Desde então, Boulos conseguiu diminuir a desvantagem, mas não o suficiente para mudar o favoritismo do prefeito.
O segundo turno deste ano foi menos agressivo em comparação com o primeiro, quando o cenário ficou marcado por confusões físicas, como a cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) e o soco trocado entre membros das equipes de campanha. Boulos, por sua vez, usou o tempo restante para tentar desconstruir o adversário. Sua estratégia focou na crítica à atuação de Nunes durante o apagão que deixou milhares de paulistanos sem luz em outubro e na ideia de que o prefeito estaria ligado à “máfia das creches”, caso explorado amplamente na reta final.
A última cartada do candidato do PSOL incluiu caravanas pela cidade e uma série de eventos ao lado de apoiadores, como a live com Pablo Marçal e visitas simbólicas a bairros carentes. Ainda assim, seu índice de rejeição se mostrou um obstáculo, limitando seu crescimento entre eleitores que já tinham se posicionado no primeiro turno.
Nunes aposta na estabilidade e em apoio moderado de Tarcísio
Por outro lado, a campanha de Nunes se manteve focada em uma imagem de “caminho seguro”. O emedebista destacou alianças estratégicas com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), cujas políticas são bem avaliadas pela população paulistana. Essa aliança trouxe tração à campanha, enquanto Nunes evitava se associar intensamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mantendo o vice bolsonarista Coronel Mello Araújo (PL) com um perfil discreto.
Nunes também enfatizou a trajetória de Boulos à frente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), caracterizando-o como um político “radical” e “sem experiência em gestão pública.” A linha dura funcionou para a base eleitoral de Nunes, enquanto Boulos tentou reverter a imagem de extremista e direcionou sua campanha a eleitores que desejam “mudança com responsabilidade” na maior cidade do país.
Com mais de 9,3 milhões de eleitores esperados nas urnas e um orçamento bilionário em jogo, a eleição também testa o poder de engajamento dos candidatos. Nunes, ciente da antecipação do feriado do Dia do Funcionário Público na segunda-feira (28), apelou para que seus eleitores não viajassem e comparecessem às urnas, esforçando-se para evitar qualquer clima de “já ganhou”.
Últimos esforços e clima de decisão
No sábado, os últimos atos de campanha foram intensos para ambos os lados. Nunes apostou em agendas públicas pela zona sul e leste, encerrando o dia em uma missa no Grajaú, onde, apesar das restrições eleitorais para manifestações religiosas, recebeu discretamente o apoio da comunidade. Já Boulos manteve o ritmo com passeatas em Heliópolis e conversas diretas com os eleitores, onde buscou passar a ideia de que ainda era possível uma virada.
Mesmo que não consiga a vitória, o segundo turno fortalece o nome de Boulos como uma das lideranças emergentes da esquerda. Para o PSOL, o desempenho do candidato reafirma o espaço progressista na política paulistana e o reforço de pautas sociais que desafiam o establishment político da capital.
Com informações do Metrópoles