- 06/06/2025
- Sem Comentário
- 4 Minutos de Leitura
Oposição trava inédito projeto de empréstimo na Alepe, colocando futuro de Pernambuco em xeque

Desde março deste ano, Pernambuco assiste a uma situação inédita e controversa: pela primeira vez na história, o Poder Legislativo estadual está impedindo que o Executivo busque, por meio de operações de crédito com garantia da União, recursos essenciais para obras estruturadoras. O projeto em questão, protocolado sob o número 2692/2025, autoriza um empréstimo de R$ 1,5 bilhão destinado a investimentos prioritários como a construção do Arco Metropolitano e a duplicação da BR-232, no trecho entre São Caetano e Belo Jardim.
Apesar de sua relevância, o texto enfrenta resistência sistemática de uma minoria de deputados da bancada de oposição, que controlam posições estratégicas nas comissões temáticas e na mesa diretora da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A manobra impede que mais de 30 parlamentares favoráveis ao projeto tenham a oportunidade de votá-lo em plenário. O resultado é um impasse sem precedentes, paralisando decisões que impactam diretamente o desenvolvimento do estado.
A estratégia da minoria
Os presidentes das comissões de Justiça, Tributação e Orçamento e Administração Pública, todos vinculados à oposição, têm adotado táticas protelatórias para evitar que o projeto seja apreciado. A justificativa apresentada inclui questionamentos sobre os processos fiscais envolvidos, mas especialistas argumentam que há confusão proposital entre conceitos básicos, como autorização, captação e desembolso de recursos.
De fato, a atual gestão já solicitou autorizações para operações de crédito que somam R$ 9,2 bilhões. No entanto, apenas R$ 2,3 bilhões foram efetivamente captados desde janeiro de 2023, sendo quase integralmente aplicados em benefícios concretos para a população, como a conclusão de milhares de unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida e a requalificação de mais de mil quilômetros da malha viária estadual.
Histórico de aprovações contrasta com bloqueio atual
Até então, todos os pedidos de empréstimo enviados pelo Executivo pernambucano contaram com ampla discussão e aprovação praticamente unânime na Alepe, independentemente da coloração partidária dos governadores. Durante a gestão de Eduardo Campos, por exemplo, foram autorizados mais de R$ 20 bilhões em operações de crédito, enquanto Paulo Câmara também teve seus projetos aprovados sem grandes entraves.
Contradições surgem quando se observa o comportamento desses mesmos parlamentares no âmbito municipal. Na Câmara do Recife, presidida por um correligionário do PSB, a base aliada autorizou R$ 3,7 bilhões em operações de crédito desde 2021 – algumas delas aprovadas em tempo recorde, de apenas 72 horas. Esse contraste evidencia que o bloqueio atual não se trata exclusivamente de questões técnicas, mas sim de disputas políticas.
Impactos para o futuro de Pernambuco
Enquanto o debate se estende na Alepe, o estado corre o risco de perder oportunidades valiosas de investimento em infraestrutura. O Arco Metropolitano e a duplicação da BR-232 são exemplos claros de intervenções que poderiam alavancar o crescimento econômico regional, gerando empregos e melhorando a qualidade de vida da população. Sem os recursos necessários, essas iniciativas ficam comprometidas, prejudicando tanto o presente quanto as perspectivas futuras de Pernambuco.
A mensagem final é clara: embora a democracia permita divergências legítimas, o direito de decidir deve ser exercido coletivamente, respeitando a pluralidade da Casa de Joaquim Nabuco. Ao privar os colegas deputados dessa prerrogativa, a minoria está impondo um retrocesso institucional que coloca em risco o progresso de milhões de pernambucanos.