- 06/04/2025
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Zelensky Critica Inação dos EUA Frente à Resistência de Putin por Trégua na Ucrânia

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, manifestou neste domingo (6) sua frustração com a ausência de uma resposta contundente dos Estados Unidos à recusa do presidente russo, Vladimir Putin, em aceitar um cessar-fogo completo e incondicional na Ucrânia. A declaração veio após uma nova onda de ataques russos devastadores que deixaram vítimas fatais, especialmente em Kiev. O presidente francês, Emmanuel Macron, também se pronunciou no X — antigo Twitter — pedindo “ações fortes” caso Moscou continue “rejeitando a paz”.
Os Estados Unidos haviam proposto um cessar-fogo de 30 dias em março, ao qual a Ucrânia concordou prontamente. No entanto, o presidente Donald Trump, conhecido por suas aproximações com Putin, obteve apenas um acordo limitado: uma trégua no Mar Negro e uma moratória vaga sobre ataques à infraestrutura energética. Ambos os lados acusam-se mutuamente de violar tais compromissos.
“A Ucrânia aceitou a proposta americana de um cessar-fogo completo e incondicional. Putin recusa”, afirmou Zelensky em seu discurso diário à nação. “Estamos esperando a resposta dos Estados Unidos. Até agora, não houve resposta”, criticou ele, enfatizando que espera uma ação firme não só dos europeus, mas de “todos no mundo que querem a paz”.
Macron, por sua vez, endossou o pedido de Zelensky ao condenar os recentes “bombardeios mortais” da Rússia. “Os ataques da Rússia devem acabar. Precisamos de um cessar-fogo o quanto antes. E ações fortes caso a Rússia continue buscando ganhar tempo e rejeitando a paz”, declarou o chefe de Estado francês.
Enquanto isso, os países europeus debatem a adoção de novas sanções para aumentar a pressão sobre Moscou e forçá-la a negociar a paz. Contudo, as autoridades ucranianas argumentam que as medidas existentes ainda são insuficientes para conter os avanços militares da Rússia.
Ataques Russos Intensificam Tensão
Na manhã de domingo, Zelensky alertou que o número de ataques aéreos russos contra seu país está “aumentando”. Kiev pede mais sanções econômicas, enquanto Moscou tenta aliviar suas pressões nas negociações com o governo de Trump.
De acordo com Yulia Svyrydenko, vice-primeira-ministra ucraniana, a Rússia lançou na madrugada um ataque maciço utilizando mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro e drones em várias partes do país. Segundo a força aérea ucraniana, 23 mísseis e 109 drones foram lançados, causando danos em seis regiões. Apesar das defesas aéreas terem derrubado 13 mísseis e 40 drones, outros 54 fragmentos resultaram em prejuízos materiais.
Em Kiev, explosões sacudiram a capital durante a noite, provocando incêndios em edifícios comerciais e industriais. Pelo menos uma pessoa morreu e três ficaram feridas, conforme informou o chefe da administração militar da cidade, Tymur Tkachenko. Na região de Kherson, um homem de 59 anos foi morto por um drone, enquanto duas pessoas ficaram feridas em Kharkiv após ataques com bombas teleguiadas.
No sábado, Zelensky já havia denunciado a “fraca” reação dos EUA a outro ataque mortal ocorrido na sexta-feira em Kryvyi Rih, sua cidade natal, onde 18 pessoas, incluindo nove crianças, perderam a vida.
Avanço Russo e Pressão Diplomática
O Ministério da Defesa russo anunciou a conquista da localidade de Bassivka na região de Sumy, próxima à fronteira com a Rússia. O Kremlin, no entanto, enfrenta dificuldades para recuperar integralmente a região de Kursk, invadida por tropas ucranianas em agosto com apoio de soldados norte-coreanos.
Em entrevista à TV, Kirill Dmitriev, enviado especial de Putin para assuntos econômicos, disse que americanos e russos poderão retomar os diálogos “na próxima semana”. No entanto, Kiev acusa Moscou de usar as negociações como estratégia para ganhar tempo e consolidar seus avanços territoriais.
Andriy Yermak, chefe de gabinete de Zelensky, reforçou a necessidade de uma postura mais enérgica: “A linguagem da força é a única que [Vladimir] Putin entende. Todos os nossos parceiros devem mudar para essa linguagem.”
Apesar das tensões, Zelensky celebrou avanços significativos nas discussões sobre o possível envio de um contingente europeu para garantir a estabilidade em caso de cessar-fogo. Após a visita dos chefes do Estado-Maior dos exércitos francês e britânico a Kiev, França e Reino Unido propuseram o envio de uma “força de garantia” composta por países europeus para evitar a retomada do conflito.
Com informações da AFP