- 15/04/2025
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Líder de Facção Comanda Tráfico e Homicídios Mesmo Preso em Regime Federal

Mesmo encarcerado na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, Osnir Cândido Urbano, conhecido como “Osnir Cabeça”, continuou comandando operações do tráfico de drogas e ordenando homicídios em Pernambuco. Líder do Comando Litoral Sul (CLS), antigo Trem Bala, ele foi alvo da operação Kéfale, deflagrada nesta terça-feira (15), para desmontar a facção que atua principalmente na praia de Porto de Galinhas, no Litoral Sul do estado.
A operação é fruto de uma investigação conduzida por mais de dois anos pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em Pernambuco (Ficco/PE), sob coordenação da Polícia Federal e com participação de todas as polícias. Até o momento, foram cumpridos 53 mandados de prisão preventiva – incluindo 14 em presídios federais e estaduais – e 49 mandados de busca e apreensão. Sete suspeitos ainda estão foragidos.
Os mandados abrangeram Pernambuco e outros dez estados: Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Piauí, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Tocantins e Rondônia. Segundo o delegado federal Márcio Tenório, coordenador da Ficco/PE, a operação só foi possível após a apreensão de um celular utilizado pelo líder da facção. As trocas de mensagens encontradas no aparelho ajudaram a identificar os integrantes e detalhar como eles operavam dentro do esquema criminoso.

“Ele [Osnir] continuou dando ordens mesmo preso, utilizando recados repassados durante visitas familiares. Sua esposa, inclusive, se mudou para Rondônia para facilitar essa comunicação. Ela também foi presa durante a operação”, explicou Tenório. Osnir havia sido capturado em 2023, durante outra ação policial.
Conhecida por sua extrema violência contra rivais, a CLS é vinculada ao Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do Brasil, originada no sistema prisional do Rio de Janeiro. Investigações do laboratório de lavagem de dinheiro da Polícia Civil de Pernambuco revelaram que a CLS movimentou mais de R$ 49 milhões nos últimos três anos.
A organização criminosa tinha como base Porto de Galinhas, mas expandiu suas atividades para diversos municípios nos litorais Sul e Norte de Pernambuco, além da Região Metropolitana do Recife. De acordo com Márcio Tenório, o grupo operava em três núcleos distintos: tráfico de drogas, segurança armada para proteger o esquema e a lavagem de dinheiro.
“Empresas de fachada nos ramos de transporte, alimentos, ensino e treinamento eram usadas para legalizar o dinheiro proveniente do tráfico. Eles emitiam notas fiscais e criavam uma movimentação formal para mascarar a origem ilícita dos recursos”, detalhou o delegado. A cocaína e o crack comercializados pela facção entravam no país principalmente pelas fronteiras com a Bolívia.
Mandados Cumpridos no Sistema Prisional
Segundo o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco, Paulo Paes, 14 mandados de prisão preventiva foram executados no sistema prisional, dois deles em unidades federais. Em Pernambuco, detentos foram presos no Presídio de Tacaimbó, no Presídio de Igarassu, no Complexo Prisional do Curado (com um alvo anteriormente na Penitenciária Barreto Campelo) e no Centro de Observação e Triagem (Cotel).
Reforço Policial em Porto de Galinhas
O secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, afirmou que medidas estão sendo adotadas nas áreas onde a CLS atuava para evitar a ocupação por novos grupos criminosos. “Sempre que realizamos operações deste tipo, fazemos uma saturação imediata da área. Haverá maior presença da Polícia Militar em Porto de Galinhas, que já está monitorada devido à alta demanda por drogas”, declarou.